domingo, 25 de abril de 2010

X-FUNCIONÁRIOS DO PRESÍDIO DE POÇOS FALAM DE SUAS DEMISSÕES


"Fomos demitidos
porque não demos informações
sobre a investigação das denúncias
contra os diretores. Daí eles (os diretores) encomendaram
uma sindicância"

Após a conclusão do inquérito policial envolvendo o ex-diretor e o ex-diretor adjunto da Unidade Prisional de Poços de Caldas, dois agentes penitenciários afastados de suas funções procuraram o Jornal de Poços para contar o que os levou a fazer as denúncias contra o sistema empregado naquele estabelecimento penal. O Assessor de Inteligência Luciano Vieira da Silva e o Supervisor de Segurança Jeferson Betti contam que foram demitidos verbalmente e impedidos de entrar no presídio de Poços de Caldas pelo ex-diretor Samoel Rodrigues Sousa. Dizem que, tão logo Samoel suspeitou da investigação que estava sendo feita pela polícia, passaram a ser pressionados para falar o que estaria acontecendo.

"Ele (Samoel) vendo que não obteria êxito e informações a respeito do que estava acontecendo encomendou uma sindicância ao diretor do presídio de Andradas, Joel de Souza, que saiu de Andradas e veio a Poços de Caldas para montar essa sindicância". Os presos condenados e em regime fechado teriam sido "convidados" a depor contra Jeferson e Luciano nessa sindicância.

Conforme laudo pericial feitos no celular do diretor Samoel (ver imagem acima) e a explicação de Luciano, no dia 22 de outubro, uma mensagem determinou a demissão dos agentes. O laudo apontou ainda uma mensagem que marca um encontro fora da unidade. "Existe uma mensagem do Samoel e do Joel combinando essa sindicância, com a participação do Leonardo Brocanelli, que é diretor da Penitenciária de Três Corações", relata o assessor. "O Samoel também recebeu uma mensagem do Joel dizendo que estava tudo certo e que ele já havia conversado com o Leonardo e que o Samoel poderia fazer a nossa demissão e o que viesse depois eles iriam resolver", acrescenta Luciano.



O agentes contam que a sindicância durou menos de 24 horas e que presos condenados foram retirados do regime fechado. "Preso em regime fechado só pode sair da unidade com ordem judicial e isso não existiu e não existia enquanto o Samoel estava na direção do Presídio. Outra coisa, depoimento de preso não tem valor em uma sindicância, porque se estaria corrompendo as relações. É muito fácil, nós que somos agentes penitenciários e que temos por dever a custódia, não ter nenhum tipo de envolvimento com o preso. Agora, um diretor de unidade retirar um preso da cela, levar para um local desconhecido, não designado, preparar uma sindicância e por o preso para falar contra é complicado", desabafa Luciano. Ele relata que os presos que fizeram o relato para sindicância possuíam privilégios dentro da unidade. "Não teve o termo de abertura da sindicância, não fomos intimados, notificados, não teve comissão julgadora e nem o parecer final, simplesmente foi forjada essa sindicância e fomos demitidos sem os termos legais", desabafa Jeferson.




DEMISSÃO
A demissão dos agentes aconteceu no dia 22 de outubro, quando, segundo informações de Luciano e Jeferson, o diretor Samoel não apareceu. A demissão verbal teria sido feita pelo diretor-adjunto, Rodrigo Donizete Teodoro, que também foi indiciado no inquérito da Polícia Civil. Luciano e Jeferson estão questionando por que, embora proibidos de entrar no presídio e por diversas vezes comunicados de que não trabalham mais no local, não tiveram acesso rescisão de contrato ou documento semelhante e sequer receberam seus salários. "Até hoje o nosso pagamento não foi depositado. Fomos impedidos de entrar no presídio, a SUAPI, e quando eu falo da SUAPI eu falo da pessoa de Genilson Zeferino, que é um professor que não conhece nada de segurança e polícia, se negou a fornecer qualquer tipo de documento a nosso respeito, inclusive a nossa pasta funcional, com todos os nossos documentos, tanto pessoal quanto a nossa avaliação funcional desapareceram do Presídio", conta Luciano, que relata que o chefe da SUAPI esteve no município na semana da realização da Operação Cadeado e disse ao Delegado Regional, Antônio Carlos Correa Faria e ao delegado de Polícia Civil Carlos Eduardo Galhardi Di Tommaso, em reunião na casa do Inspetor de Polícia Civil, Marcos, que não haveria retaliação contra os agentes. "Nossa surpresa se deu quando no dia 07 de dezembro nosso pagamento não entrou, fizemos contato com o chefe da SUAPI, Genilson, que nos disse que nós estávamos demitidos sim, porque participamos de uma investigação funesta, contra o diretor do Presídio e que nós tínhamos prejudicado muito o diretor do presídio, que é uma pessoa inocente, e que o sistema é bruto", conta luciano. Como a situação se mostrou de difícil solução por meios mais simples, o agente Jeferson Betti deciddiu elaborar um requerimento para saber como deveria proceder. "Fiz um requerimento de uma certidão, foi homologado com o então diretor Rafael no dia 1º de dezembro e até na presente data não foi esclarecido nada. Não há nenhuma posição se virá cópia desses documentos ou não, qual é realmente a nossa situação", explica Jeferson. "Ele (Rafael) só soube me dizer que, atarvés de uma ligação de Belo Horizonte e um contato com o DRH (Departamento de Recursos Humanos), foi infomado de que foi efetuada a nossa demissão. Só que segundo palavras dele também nem lá em Belo Horizonte consta algum papel requerendo a nossa demissão, apenas consta no sistema da SUAPI que nós fomos demitidos", acrescenta.

POSIÇÃO
Mais do que os cargos, o que os agentes esperam é que o sistema não seja corrompido por falhas e desvios de conduta e alegam que vão lutar pelas vagas conquistadas por eles. "Estamos tendo que apelar para a justiça, vamos entrar com o mandado de pedido de segurança e uma liminar para que o nosso pagamento seja depositado e que sejamos autorizados a regressar ao trabalho, mas ao mesmo tempo, quando o Ministério Público retornar do recesso, vamos entrar com mais algumas denúncias, como denunciação caluniosa por parte do Samoel, que encomendou essa sindicância, vamos denunciar o Joel e por fim o Genilson por improbidade administrativa, porque ele, como chefe da SUAPI, tinha que ter a hombridade de pelo menos ter analisado a documentação e a imparciliadade para deixar a Polícia Civil investigar os indiciados", relata Luciano. "Então vamos entrar no Ministério Público com denúncias de improbidade administrativa, abuso de poder, denunciação caluniosa e assédio moral", acrescenta.
DESPACHO
Com a informação da sindicância, o delegado regional teria pedido uma cópia do documento e encaminhado ao delegado Tommasso. "O Tommaso deu um despacho totalmente desfavorável a sindicância, dizendo que as testemunhas que foram colocadas para depor são sintomáticas de espúria, ou seja, são testemunhas falsas, depoimentos forjados e burlados com um único interesse, que era o de exercer pressão psicológica, coagir e fazer chantangem", relata Luciano.

fonte: Jornal de Poços/ cidade/23.12.2009

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Meu Deus,

Te agradeço por me dar força e convicção para completar a tarefa que me foi incumbida.

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Obrigado pelo bem que eu possa ter feito e perdão pelo algum mau

"Bendito seja o Senhor, a minha rocha, que treina as minhas mãos para a guerra e os meus dedos para a batalha" Salmo 144